quinta-feira

BARCOS DA VIÚVAS

Por três agonizantes horas os botes salva-vidas com os sobreviventes rumam num mar repleto de icebergs. No barco 6, repleto de assustadas madames, a nova rica Molly Brown - a insubmergível Molly, como o mundo veio a conhecê-la, tomou conta da situação e pôs suas colegas de salão de chá para remarem, enquanto os dois homens a bordo discutiam entre si. Muitas das sobreviventes, como Millvina Dean, eram crianças pequenas e acabaram dormindo durante o trajeto, só acordando no convés do Carpathia, o navio que recolheu os 711 sobreviventes do Titanic. Ruth Blanchard, que havia se separado da família no corre-corre pelos botes, só os reencontrou no convés do Carpathia: - "Deram-nos conhaque para nos aquecer e acordar", relembra.

O Carpathia tornou-se um barco de viúvas, e outra vez o horror tomou conta dos sobreviventes quando ficou claro que a maioria dos esposos e pais de família não havia se salvado. A esposa do Dr. Washington Dodge, em entrevista na época, reconta o clima de histeria do resgate: - "O convés se encheu de gritos de desespero quando os últimos botes chegaram sem sinal dos entes queridos de quem estava a bordo do Carpathia."

O navio retornou ao local onde o Titanic afundou em busca dos que ficaram para trás. Só restava um cadáver congelado boiando no oceano, uma macabra testemunha dos últimos momentos do naufrágio.

A chegada ao que seria o destino original do Titanic foi aguardada por quatro mil pessoas no cais do porto, a maioria jornalistas e parentes dos passageiros do insubmergível. Ruth Becker se recorda como foi aquele momento: - "Havia uma grande confusão no porto, e só foi permitido o desembarque de quem tivesse algum conhecido em Nova York." Gente como Millvina Dean, que perdeu tudo no acidente, retomou imediatamente a Londres: - "Não havia mais nada para mim na América", recorda a mais nova dos sobreviventes do Titanic.

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